terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Servilismo

Se Nietzshe estivesse vivo e publicasse seu código de moral antimedíocre, onde ele exalta as qualidades inconciliáveis com a disciplina social, Nietzshe ia chorar ao constatar que existem pessoas que, por relacionamentos, passam por processos diários de domesticação da personalidade. São os medíocres e os servis que se acostumaram a serem condescendentes passivos, adquirindo uma personalidade de lacaios ao ser domesticados e por se renderem ao servilismo de interesses predatórios.Estes domesticados acabam crescendo pelo servilismo ao nascerem de servos ou predadores, pois são dotados por um caráter e mentalidade domésticos. Homem ou mulher acostumados ao servilismo não têm dignidade e não é raro constatar um outrora servil ou escravo se transformar em um hipócrita vaidoso por ascender ao poder de qualquer área da vida.Muitos destes vaidosos são medíocres e acabam perdendo a dignidade ao se iludirem de que o tempo não passa. E é por este servilismo doentio ou subserviência consciente que começam a pisar nos outros ou a mentir.O servilismo ou a falta de caráter começa por estas sombras de miséria moral que deixaram a dor tomar conta daquelas mesmas almas que mantêm e impulsionam o milagre da vida. O esforço para estas pessoas não é virtude, é fardo. Todos os medíocres se convertem para a estratégia vil da adulação e do servilismo obsessivo e não são capazes de ficar vermelhos quando flagrados, pois sobrevivem apenas para alimentar o seu caráter de docilidade às reverências e para se venderem pela melhor oferta.José Ingenieros, que descreveu melhor o homem medíocre, imortalizou-o ao concluir que a mediocridade tira vantagens de sua virtude fingida e ainda pulula como pessoas respeitosas, mas que ao tirarem as suas máscaras acabam se rendendo a sua dobrez, transformando a estima em desprezo.Queiramos ou não, vivemos num mundo de leis, mas estas leis não podem dar hombridade às sombras nem dignidade ao envilecido. Devemos influenciar para que os servis e predadores da vida não tenham liberdade, mas, se tiverem, que sejam vigiados e assim possam ser aprisionados pela consciência. É por isto que todos que declinam de sua personalidade, ao assumir a profissão de servil, acabam hipócritas.

dfurtadofilho@gmail.com
DORVALINO FURTADO FILHO Médico veterinário

1 comentários:

ArqueiroZen disse...

Algumas vezes citei o documentário "The corporation", que vai nos mostrar o viés institucional do servilismo, ou o protótipo da máquina de destruição, o mecanismo que sustenta todas as indústrias da guerra, seja a bélica, a de alimentos ou a médico-farmacêutica. Todos esses mecanismos estabelecem formas mais ou menos sutis de aniquilação dos estados superiores da mente, transformando os seres humanos em débeis lacaios, devidamente apoiados - hoje, mais do que nunca - nas mídias (des) informativas, no marketing e na propaganda e suas derivações(escolas, universidades, etc). A maioria daqueles (poucos) que percebem vagamente o estado real de coisas, adoecem. Adoecem seja por estados depressivos (e via de regra, inconscientes do motivo real), seja por drogadição (dependência de substâncias euforizantes), se auto-estimulam à super-alimentação (manada castrada), entregam-se à vida sedentária, apóiam-se em relações amorosas como muletas emocionais (dependentes do status social que tanto pretendem negar), e não raro, buscam o suicídio efetivo quando não mais suportam a angústia do suicídio lento. Artistas de "hobbie", políticos de plantão, benfeitores sociais são categorias também inconscientes da verdadeira motivação de sua prática. Conforme as palavras de Osho, o humano é o ser que atingiu o ápice da evolução animal, então seu próprio desenvolvimento só continuará através de uma verdadeira revolução. Estes, os revolucionários de si mesmo, estão a todo momento, buscando incessantemente a transformação interna e externa e, via de regra, postando-se contrários ao status quo.
A citação ao documentário em referência acima prende-se ao fato de que o mesmo coloca o espectador na desconfortável situação de assumir a sua responsabilidade revolucionária (creio que poucos, muito poucos o farão).
Laércio Amaral

Ş